No dia 19 de julho de 1957, cinco oficiais das Forças Aéreas dos Estados Unidos e um cameraman ficaram juntos em um deserto a cerca de 100km de Las Vegas. Eles marcaram o local com uma placa feita à mão que dizia “Marco zero. População: 5”.
Enquanto isso, dois F-89 aparecem no horizonte, e um deles libera um míssil nuclear de 2 kilotons. Eles esperam, e a 5km de altitude o míssil é detonado. Um deles, o único com óculos escuros, olha para cima no momento do forte flash de luz. O narrador grita: “aconteceu! A trincheira está vibrando. Isso é tremendo! Diretamente acima de nossas cabeças!”.
É interessante notar que o som demora alguns segundos para chegar ao solo. A física básica explica que a luz tem maior velocidade que o som, então observamos o mesmo fenômeno que a diferença entre os raios e os trovões em uma tempestade comum. O governo norte-americano, porém, costumava editar alguns vídeos das bombas atômicas para que o som e a luz acontecessem ao mesmo tempo.
Este registro veio do arquivo do governo dos EUA, e foi filmado pelas Forças Aéreas para demonstrar como a bomba nuclear detonada na atmosfera é inofensiva para quem está em solo.
Os cinco homens se voluntariaram para a tarefa, mas o cameraman, George Yoshitake, foi obrigado a participar. Os voluntários foram: Sidney Bruce, Frank Ball, Normal Bodinger, John Hughes e Don Lutrel.
O que aconteceu com eles?
Em 2010 George Yoshitake deu uma entrevista para o New York Times falando sobre os cameramen que foram forçados a trabalhar em filmes que envolviam bombas atômicas. “Alguns morreram de câncer. Sem dúvida foi relacionado aos testes.
Já os outros cinco participantes morreram entre os anos de 1987 e 2003, com idades entre 63 e 86 anos. As causas das mortes não foram anunciadas.
O historiador especializado em ciência, Alex Wllerstein, explica que muitas pessoas envolvidas na base de testes atômicos de Nevada tiveram câncer com o passar dos anos, e ao redor de US$150 milhões foram pagos em indenizações para mais de 2 mil participantes diretos dos testes.
O pesquisador diz que os seis homens do vídeo não corriam risco imediato. A bomba era pequena e estava alta o suficiente para não causar danos a eles. Quem mais sofreu com os testes eram as pessoas que viviam em pequenas cidades próximas da base, para onde as nuvens radioativas eram levadas pelo vento.
Uma delas é St. George, em Utah. Um dos testes, de codinome “Harry”, depositou tanta radiação na cidade que os residentes foram forçados a ficar dentro de casa por várias horas, e foram proibidos de lavar seus carros até que eles ficassem menos radioativos.
O governo dos EUA pagou mais de US$813 milhões para 16 mil pessoas dessas cidades que sofreram com a radiação carregada pelo vento depois de testes como o do vídeo.
Confira:
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